Ferran Adriá um dia mostrou ao mundo uma nova
gastronomia, baseada em fundamentos químicos aliados a sabores, aromas e
texturas modificadas, criando algumas maravilhas da culinária moderna através
de espumas, geleificantes e eferilizantes. Aliou a cozinha e a química em prol
da criação. Essa é uma gastronomia de poucos, e pensando na mudança, eu queria
mostrar uma tendência que está ganhando força e em breve será notícia, a
microbiologia gastronômica.
O que seria isso? Simples. Há muito tempo que
utilizamos de micro-organismos, entenda-se as bactérias, fungos
e etc, em nossa alimentação. E se você ficou com nojo ou medo, então pare
de comer pães, massas, carnes secas e de beber vinhos e cervejas. Eles estão em
nossos pratos e copos há muito tempo. Porém, alguns chefes estão recorrendo a
laboratórios bioquímicos, e nos profissionais botânicos e zoologistas para identificar
os melhores micro-organismos para criação de ingredientes. Testes em alimentos são
feitos para saber qual o melhor tempo de consumi-lo e quando eles apodrecem, assim como demais utilizações desses seres microscópicos contidos em cada
elementos culinário. “O que sabemos até hoje sobre o papel desses
micro-organismos na alimentação é só a ponta do iceberg. Tem muito para vir à
tona”, afirma Herold McGee, autor do livro The Art of Fermentation (A Arte da
Fermentação, sem edição no Brasil).
Um dos principais chefes envolvidos nessa
movimentação é ninguém menos que Rene Redzepi, proprietário do Noma,
considerado melhor restaurante do mundo. Ele e Claus Meyer (também proprietário
do Noma) fundaram o Laboratório de Comida Nórdica que está estudando a fundo o
tema e colocando a criação dos pratos. Pode ser coincidência, mas de vez em
quando acontece de alguém ficar com alguma intoxicação alimentar lá, mas eles
estão estudando para diminuir isso com certeza. Kkkkkkkkk
Esse estudo é tão interessante, que existem casos
de outros chefes estarem estudando micro-organismos que agem nos vinhos e em
queijos para tentar produzir em outras regiões, porém, com as mesmas
características de sabor, textura e aroma dos originais. E é um estudo tão
profundo que os laboratórios de Harvard, por exemplo, estão mapeando DNA desses
micro-organismos para recriá-los. “Um mundo fantástico vai se abrir à medida
que entendermos como micro-organismos transformam sabores”, diz Reade, um dos
biólogos do laboratório de Redzepi.
No Brasil esse tema é bem empírico e sem
aprofundamento, mas alguns chefes já começaram a se movimentar. Os chefs e
irmãos Thiago e Felipe Castanho, dos restaurantes Remanso do Bosque e Remanso
do Peixe, em Belém do Pará, devem abrir um laboratório onde irão testar
processos de maturação e fermentação de ingredientes tomando como base os
conhecimentos culinários tradicionais da região. Vamos ver os capítulos
futuros.
Fonte: Revista Galileu
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