Até já fiz um post sobre a estrela alimentar do Séc. XXI. Mandioca, macaxeira ou aipim, ela é muito importante em nossa alimentação. Já esse post, será para desmistificar e apresentar várias formas desse tubérculo, após preparado, em diversas formas e lugares. Alguns tipos, dificilmente encontraremos em nossos mercados do sudeste, mas vale a pena conhecer ou ir no Mercado Ver-o-peso conhecer.
Puba ou massa de mandioca – mandioca deixada em água corrente ou em tanques para pubar (amolecer)
por cerca de 5 dias. Quando está mole, é triturada só ou com uma parte
de mandioca fresca, lavada, prensada para tirar parte da goma e
peneirada para reter as fibras e resíduos duros da mandioca (crueira). A
massa fina obtida é vendida fresca para fazer mingau, cuscuz com coco
ou bolo. Pode também ser seca e vendida como “farinha de carimã”. Depois
de pubada, a mandioca da variedade branca ou da amarela pode ser
triturada integralmente (com crueira) para se transformar em farinha
d´água em suas muitas versões, com coco inclusive.
Farinha d´água de Bragança - PA, considerada a melhor farinha do Pará. Esta da foto, na versão com coco, do Seu Bené
Farinha d´agua – Típica da região Norte, é feita com a mandioca puba triturada. Pode ser feita com mandiocas brancas ou amarelas - esta, mais comum. É usada para fazer pirões ou para acompanhar pratos com molho: moquecas, pato no tucupi, peixadas e cozidos. Ou na forma de misturas molhadas como chibé ou jacuba (basicamente mistura de água e farinha, que pode ser temperada com açúcar ou mel). Vai bem ainda no pirão ou numa sopa feita com carne e caldo. É usada como farinha de mesa na região Norte. Mas tem que engolir direto sem mastigar ou deixar na boca algum tempo para umedecer.
Farinha d´agua de Bragança – PA
– feita com mandioca amarela pubada, torrada com ou sem coco e embalada
em paneiro de arumã. Boa como farinha para comer de merenda, para fazer
pirão ou acompanhar pratos molhados. Fiz um pão de castanha usando um
pouco dela e deu muito certo.
Farinha d´agua de Uarini, tipo Ovinha
– típica do Amazonas, feita no distrito de Uarini (a 3 dias de Manaus
ou 2 horas de barco, de Tefé). Também conhecida simplesmente como
farinha de Uarini. É um produto raro, o caviar das farinhas, custa caro
(cerca de R$ 5,00 o quilo) se comparada às outras porque seu feitio é
trabalhoso. É feita com a mandioca amarela pubada por 3 dias. Depois de
espremida no tipiti (prensa de palha), passa por peneira para tirar a
crueira (o resíduo duro) e então vai para a masseira para ser rolada com
a mão até formar bolinhas e tamanhos variados. Há uma opção mais
"moderna" que é passar a massa por uma engenhoca artesanal chamada de
emboladeira – duas placas de madeira ou metal rolam uma sobre a outra
com ma massa entre elas, formando bolinhas. Depois de secas em tacho,
são peneiradas para separar por tamanho: ova ou ovinhas. A coisa mais
deliciosa que já provei nos últimos tempos.
A goma fresca se apresenta assim, em torrões
Goma
– geralmente quem faz farinha, não extraí polvilho e vice-versa. Mas há
quem faça as duas coisas e neste caso, o produto resultante depois da
extração do amido é uma farinha rica em fibras, mas pobre em amido.
Dependendo do lugar, pode ser chamada de farinha seca (que em outros
lugares é a nossa farinha comum, sem pubar) ou farinha de raspa. Para
extrair a fécula (amido da mandioca, polvilho ou goma),
a mandioca é ralada, lavada e prensada. O líquido obtido é deixado em
repouso por cerca de 4 horas para o amido decantar. A água é jogada
fora, restando no fundo o sedimento úmido. É a goma fresca. Desmanchado e deixado a secar este sedimento transforma-se em fécula seca, um talco fino que recebe o nome comercial de polvilho doce. Se a água é deixada com a goma sedimentada para fermentar por cerca de 10 dias, o polvilho resultante estará ácido. É o polvilho azedo.
Goma fresca - pode ser peneirada para fazer beijus crocantes ou tapiocas (as panquequinhas brancas e úmidas). Um ou outro dependendo da espessura ou do calor empregado. Há também "goma seca do Norte" que nada mais é que o polvilho para nós, só que um pouco mais encaroçado.
Goma fresca - pode ser peneirada para fazer beijus crocantes ou tapiocas (as panquequinhas brancas e úmidas). Um ou outro dependendo da espessura ou do calor empregado. Há também "goma seca do Norte" que nada mais é que o polvilho para nós, só que um pouco mais encaroçado.
Polvilho doce
– é a goma desidratada até virar um talco bem fino. Quando hidratado e
aquecido, dá bastante liga, portanto, é bom também para fazer beijus e
tapiocas. Com líquido e aquecido, forma um mingau cremoso e
transparente, com bastante liga. Pode ser usado para fazer pãezinhos,
bolos, brevidades.
Polvilho azedo – como já disse acima, a água com o sumo da mandioca é deixada com a goma sedimentada para fermentar por cerca de 10 dias ou mais. O polvilho tirado daí estará bem ácido e confere sabor ácido agradável aos preparos, além de permitir maior expansão: pães de queijo e biscoitos de polvilho crocante, por exemplo. O mingau feito com ele é mais escuro, transparente, cremoso e macio (tem proporção maior de amilopectina, responsável pela maciez e transparência, em relação à amilose, cujo teor diminui com a acidez).
Sagu
– é feito com a goma (polvilho, fécula) da mandioca, mas originalmente
era feito com o amido de uma palmeira (sagueiro). Em outros países pode
ser feito com o amido mais abundante no local, como de batata-doce, por
exemplo. Na indústria, o amido é coagulado e boleado para bolar
esferinhas de tamanho padronizado. Artesanalmente a massa era boleada
com as mãos sobre pano estendido e depois seca.
Farinha de tapioca
– típica do Pará, são grânulos de amido coagulados na forma de sagus, e
estourados em chapa quente como pipocas. A extrusão dá aos grânulos
aspecto de isopor. Usada em pãezinhos, mingaus, cobrindo sobremesas ou
como acompanhamento de polpa de açaí ou bacaba salgada ou doce.
Tapioca granulada
– feita com o amido molhado que é coagulado em grânulos sobre chapa
quente. É separada por peneira em grãos finos ou grossos. Tem aparência
de sal grosso, meio translúcida e pode ser usada em cuscuz (umedecida
com leite de coco doce), bolos ou mingaus.
Farinha de mandioca comum ou seca
– ou ainda farinha de mesa. Aquela que conhecemos como farinha comum e
que vai à mesa para acompanhar pratos de carne ou peixe. É nosso pão
brasileiro para acompanhar comidas de todo tipo, principalmente entre
nordestinos. Pode ser usada para fazer farofas – crocantes, com
manteiga, ou de água. Pela legislação brasileira, a farinha
comercializada tem que ter no mínimo 75% de amido (a goma). Alguns tipos
artesanais, no entanto, são mais polvilhadas, como as do Sul,
finíssimas quase como trigo. No processo normal a mandioca é descascada,
ralada, prensada e seca em grandes tachos. Se a polpa for lavada com
água antes de ir à prensa para extrair o polvilho, que é levado com a
água, a farinha sairá mais fibrosa (rica em fibras insolúveis, o que não
é nada mal pra quem quer ter regularidade intestinal), conhecida no
Norte, esta sim, como farinha seca, considerada de categoria inferior. É
boa para sopas.
Farinha amarela do Pará – igual à de cima, só que feita com farinha amarela. Boa como farinha de mesa e para farofas. Com banana-da-terra e caranguejo, por exemplo. Algumas casas de farinha adicionam corante amarelo-tartrazina, que é proibido.
Farinha bijusada quebradinha – típica da Bahia. É feita com goma molhada seca peneirada numa camada fina sobre chapa quente formando pequenos beijus disformes e crocantes. Na Bahia ela pode ser consumida no café (isto mesmo, dentro do café) ou no leite, com rapadura. É bom tambem pra deixar do lado do computador e ir beliscando na hora da fome. Com coco ralado e açúcar, levada ao forno, faz um tipo de granola para ser comida pura ou acompanhando frutas. Aliás, muito melhor que qualquer granola.
E mais diversas variedades que você só encontrará no Mercado Ver-o-Peso.
Fonte: http://come-se.blogspot.com.br
Foto inicial: https://www.facebook.com/RemansoDoBosque
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